Acabei de ler uma notícia que me alarmou sobre o rendimento/perdas do transvase realizado em Julho de 2009 para o Parque Nacional de Las Tablas de Daimiel apartir do Aqueduto Tejo-Segura.
Este artigo afirma que apenas 5% água enviada apartir do transvase Tejo-Segura (20 hectómetros cúbicos) foi recebida em Julho no Parque Nacional de Las Tablas de Daimiel (Ciudad Real).
Estas perdas de água ocorrem por motivos de evaporação e infiltração ao longo de um percurso de 60 dias que a água demora para chegar ao destino por um percurso de 125 km.
Imagine que encomenda um garrafão de 5 litros a um supermercado e que a empresa de entregas lhe apresenta 1 copo de água mal cheio (5 l x 5% = 0,25 l = 3 dl = 25 cl).
Continuava a comprar água no mesmo supermercado se a companhia de entregas perde quase toda a água pelo caminho?
O Governo espanhol enche o garrafão na cabeceira do Tejo para criar uma pequena poça que atraia um pato que leve um turista distraido a pensar que têm um Parque Natural Vivo, enquanto mata o Tejo e os seus ecossistemas e depaupera as economias locais a montante.
O Governo espanhol enche o garrafão na cabeceira do Tejo para criar uma pequena poça que atraia um pato que leve um turista distraido a pensar que têm um Parque Natural Vivo, enquanto mata o Tejo e os seus ecossistemas e depaupera as economias locais a montante.
O Governo espanhol deve rever os critérios de cálculo dos transvases, sem alteração há 40 anos, visto que o sistema de transferência entre as cabeceiras do Tejo e a bacia do Segura previsto no Convénio Luso-Espanhol de 1968 determina um volume anual a ser transvazado de 1.000 hm3, cerca de 3 vezes superior aos transvases realizados no ano hidrológico 2005/06, em que as barragens de Entrepeñas e Buendía moveram para o rio Segura um caudal de 253 hm³, superior ao vertido pelo próprio Tejo (247,7 hm³).
Por outro lado, temos de dizer ao Governo Português que os transvases acordados na convenção da albufeira são "LEGAIS" mas "EXCESSIVOS", porque apesar de estarem abaixo do limiar máximo votam o Tejo à escassez de água que tem apresentado nos últimos anos.
Não seria justo que para além do limite máximo de quantidades absolutas transvazadas existisse ainda uma proporção relativa mínima da precipitação da cabeceira do Tejo que seja obrigatório deixar afluir pelo curso natural do rio? As instituições europeias promovem campanhas junto dos cidadãos para uma utilização eficiente da água mas mantêm-se passivas enquanto o Governo Espanhol ignora a Directiva Quadro da Água e desperdiça inaceitáveis quantidades de água em transvases ao longo de centenas de quilómetros cujas perdas por evaporação e infiltração atingem 95%. Alguém acha isto normal?
No entanto, a taxa de rendimento nos restantes transvases é de cerca de 85%, o que representaria perdas de 12% da totalidade das precipitações de água da cabeceira do Tejo, visto que 80% destas são transvazadas (12% = 80% x 15%), sendo que a título de exemplo, no ano de 2005/2006 poderão ter sido desperdiçados 30,36 hm³ (253 hm³ x 12%) que permitiriam duplicar o caudal de água com origem na cabeceira do rio Tejo.
Serão aceitáveis tais perdas quando se pede à população que adopte comportamentos com vista a uma utilização eficiente da água?
Serão aceitáveis tais perdas quando se pede à população que adopte comportamentos com vista a uma utilização eficiente da água?
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