sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Água, Rios e Aldeias - Parte I

Uma visita à exposição "Água, Rios e Aldeias", organizada pela Fundação Nova Cultura da Àgua(FNCA) , que decorre até 26 de Agosto em Ainsa (folheto), em plenos Pirinéus na região de Aragão, que nos transmite, em 200 fotografias, uma visão ampla e concreta das crises, conflitos e catástrofes da água que ocorrem sob o velho paradigma de "dominação da natureza".
A crise da água no mundo é apresentada como consequência da convergência de três falhas críticas: a crise de desigualdade e pobreza, a crise de insustentabilidade dos nossos ecossistemas aquáticos e a crise de governança dos nossos serviços públicos sob pressões privatizadoras.
Estas fotografias, como nos diz Javier Gomez, "que nos mostram alguns dos mais graves conflitos que ocorrem no mundo devido a problemas hidrológicos, estão cheias de uma trágica realidade que desgarra, de uma força descontrolada que em remoinhos de água parecem inundar todo o interior da alma para afogar o soluço de tantas caras que sofrem nesse papel fotográfico.
São as fotografias do resultado da ambição do homem para dominar a Natureza, com represas, com diques, com barragens", acrescento, com transvases. Hoje, através dessas fotos, pode ver-se a mão do homem na degradação da Amazónia, do rio Mekong, do Ganges ou do Lago Chad."
Sublinha a nossa culpa quando pergunta "O que fazemos?" para evitar que hoje "o mundo se desertifique por nossa culpa, da mesma forma que o coração se torna mais duro, mais empedernido", "1.200 milhões de pessoas não possam aceder a água potável" e "morram diariamente 10.000 pessoas por terem de beber águas contaminadas, mais de uma quarta parte delas crianças pequenas", e a isso responde com a nossa vergonha - "Olhar para o outro lado. Todos. Sem excepção."
A FNCA propõe novas estratégias de poupança, eficiência e conservação, explicitadas nas políticas mais avançadas de gestão da água que promovem a modernização dos regadios e das redes de fornecimento urbanas e a aplicação de leis e tecnologias que impeçam a contaminação e sobre-exploração dos rios e aquíferos.
Realçam contudo que o vector fundamental não é o tecnológico mas sim a Governança, onde a luta contra a privatização dos serviços públicos de água e contra a corrupção ilumina novos modelos de gestão pública participativa sob controlo da sociedade, ao mesmo tempo que abre caminho ao reconhecimento do acesso à água potável como direito humano.
Conclui que face aos graves problemas desta crise global da água, a mobilização dos cidadãos está trazer alguma esperança à perspectiva duma Nova Ordem Mundial, que considera possível por ser necessária.

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