sábado, 19 de dezembro de 2009

POR RIOS E RIBEIRAS - CRÓNICA "CÁ POR CAUSAS” - JORNAL "A BARCA” - 17 DE DEZEMBRO

POR RIOS E RIBEIRAS
Transvases, falta de água, poluição, são termos que ultimamente têm sido muito utilizados pelo movimento proTEJO, do qual sou porta-voz, mas nem só de transvases vive o movimento.
Depois de breves momentos em conversa com o presidente da Associação de Moradores de Casal Sentista, Fontainhas e Covões, Virgílio Rafael, percebi de imediato quantos rios e ribeiras, em cujas águas brincámos e vivemos, que pensávamos conhecer, mas onde um olhar mais atento revela o que já esquecemos ou o que nos escapou.
E são preciosos estes olhares atentos à água que corre, às margens que a acompanham, à floresta que a protege, às estruturas que no seu caminho se atravessam, tão preciosos que merecem ser apreciados atentamente pela Administração da Região Hidrográfica (ex - Hidráulica) que deve olhar por todos os rios e ribeiras da bacia do Tejo.
Durante o percurso ao longo da ribeira de Santa Catarina, desde o centro do Entroncamento até à sua foz no rio Tejo, no limiar da Golegã, o olhar atento deste morador revelou-me todos os seus predicados, bem como todo o maltrato a que está sujeita pela pressão urbana, vítima de estrangulamentos e poluição.
Nesta senda reencontrei um antigo aqueduto que em tempos recebeu a água da ribeira, conduzida por inércia ao longo do percurso labiríntico dos canais de rega, onde tantas vezes brinquei, que se estendiam pela horta dos meus avós, um marco do uso da água no seu modo de vida.
Com estas recordações facilmente se percebe que a água diz respeito a todos, quer tenhamos ou não um rio à nossa porta, ou uma ribeira passando debaixo da nossa casa, devendo todos contribuir para preservar e garantir os recursos hídricos a que as gerações futuras têm direito, através de uma simples fórmula: a par do direito à água para os diversos usos assumirmos cada vez mais o dever do seu uso eficiente.
E para aqueles que não têm rios nem ribeiras aqui lhes deixo a estória do pedido de construção de uma ponte em Baleizão de Cima, igual à que fora construída em Baleizão de Baixo, ao qual Salazar teria respondido perguntando, “se vocês não têm rio para que precisam da ponte?”, tendo as gentes daquela terra respondido: “construam a ponte que do rio tratamos nós”.
Saibamos nós tratar dos rios e das ribeiras que das pontes, dos aquedutos e dos transvases há muito quem trate.
Paulo Constantino - Economista

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